A Corvina-legítima

É um peixe marinho que realiza migrações entre as áreas de reprodução e alimentação. É uma espécie que pode viver mais de 40 anos e atingir até 100 kg de peso.

Biologia

De entre as 257 espécies de Sciaenidae descritas a nível Mundial, a corvina-legítima (Argyrosomus regius) é uma das que atinge dimensões mais consideráveis sendo comum capturar indivíduos com 50 kg de peso e 2 m de comprimento. Outra característica assinalável é o conjunto bem desenvolvido de músculos sónicos associados à bexiga gasosa, habitualmente maior nos machos, que permite a produção de sons muito intensos durante a época de reprodução ou em circunstâncias de stress. Os machos exibem sinais de maturidade a partir dos 4 anos e cerca de 70 cm, contudo, a quantidade de gâmetas não é significativa antes dos 5 anos e cerca de 85 cm. As fêmeas desenvolvem a maturidade a partir dos 4 anos e cerca de 93 cm mas, à semelhança dos machos numa primeira fase, não contribuem significativamente para o recrutamento. A maturação só fica completa aos 10 anos, com cerca de 115 cm. 

Morfologia

Morfologia

Morfologicamente, a corvina apresenta diversas características bem marcadas. Lateralmente exibe cor dourada com tons violeta na região mais dorsal. A linha lateral, um órgão sensorial dos peixes, destaca-se das escamas de grande proporção e prolonga-se desde a cabeça até ao fim da barbatana caudal. A boca, amarela, exibe até três linhas de dentes afiados e de tamanho irregular, adaptados a capturar e segurar as presas mais difíceis. 

Distribuição e ciclo de vida

A área de ocorrência desta espécie de hábitos costeiros prolonga-se no Oceano Atlântico entre o Mar do Norte até ao Senegal, ocupando também todo o Mar Mediterrâneo e a costa ocidental do Mar Negro. A forma como se distribui e o comportamento migratório da espécie é ainda em grande medida desconhecido.

Ao longo do seu ciclo de vida – e uma corvina pode viver mais de 40 anos – ocorrem vários eventos reprodutivos e migrações entre as áreas de reprodução, de alimentação e de invernada. 


Agregações reprodutoras

Agregações reprodutoras

No Oceano Atlântico, os locais de agregação de corvina-legítima associadas ao comportamento reprodutor situam-se em França, no Estuário do Gironde, em Espanha, no Estuário do Guadalquivir, em Portugal, no Estuário do Tejo e do Guadiana, e na Mauritânia, na Baía de Lévrier. No Mar Mediterrâneo existem menos áreas de reprodução descritas e a principal situa-se na Foz do Rio Nilo, no Egipto. Devido à distância entre áreas de reprodução conhecidas, há a possibilidade (e indícios) destas populações estarem segregadas e, se forem sobre exploradas durante fases vulneráveis do seu ciclo de vida, terem a sua sustentabilidade ameaçada. 

Habitat

À exceção do habitat marinho na Baía de Lévrier na Mauritânia, os locais identificados como áreas importantes de reprodução e viveiro de corvina-legítima correspondem a habitats estuarinos.

Os estuários são reconhecidos pela elevada biodiversidade e produtividade, contribuindo para a manutenção das populações de peixes marinhos.

Para a corvina, o confinamento do ambiente estuarino facilitará o encontro e agrupamento com outros reprodutores. Os juvenis têm a vantagem de crescer mais rapidamente porque durante o período estival a água é mais quente que no oceano e o alimento disponível é abundante.

Nos estuários, os juvenis beneficiam também de uma proteção acrescida contra predadores marinhos de maior porte que não entram nestes sistemas. 

Movimentos migratórios

Relativamente aos movimentos e área ocupada nos estuários e zonas costeiras adjacentes, o conhecimento é limitado. Os adultos migram para o interior de determinados estuários durante os meses mais quentes, sendo que o pico da migração e da reprodução ocorre entre abril e julho.

Como a corvina-legítima pode desovar diversas vezes em cada época de reprodução, pensa-se que possam realizar vários movimentos entre a zona costeira adjacente e as áreas de reprodução no interior dos estuários.

Depois da reprodução os adultos regressam às áreas de alimentação e de invernada em meio marinho, afastando-se progressivamente da zona costeira.

Os juvenis podem permanecer nas áreas de viveiro até completarem 2 anos de idade e escolhem habitualmente o outono/inicio do inverno para migrarem para o meio marinho, regressando ocasionalmente a áreas de viveiro até atingirem a maturidade. 

A Pesca

Em Portugal, existem capturas ao longo da faixa costeira e em estuários, sendo que é desconhecida a contribuição relativa de cada área de reprodução para o stock nacional de corvina. O Estuário do Tejo é considerado uma das áreas mais importantes para a pesca desta espécie congregando mais de metade das capturas em território Nacional. Neste sistema de transição é comum verificar a presença de grandes cardumes de reprodutores entre o final da primavera e meados do verão que, dado o elevado tamanho e valor comercial que os exemplares atingem, têm conduzido a um esforço de pesca dirigido (comercial e lúdica), aumentando assim o risco de sobre-exploração durante uma fase do ciclo de vida considerada crítica. 

Quais os tipos de Pesca à corvina

A pesca é realizada com redes, com aparelho de anzol e à cana, consoante as condições de operação e o fim a que se destina, i.e., pesca comercial ou de lazer, embarcada ou apeada. Ao largo de Olhão é relativamente comum a captura de corvinas-legítimas na Armação de Atum.

De forma mais ocasional, verificam-se capturas de grandes cardumes tanto na arte xávega como no cerco.

Beneficiaries
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